Reforma Geral - Caloi 10 - Parte II

   Bom, é inacreditável quando, mesmo com bastante vontade, conhecimento e ferramental, quando iniciamos num projeto, seja lá qual for, se não tivermos planejamento, sempre teremos algum problema. Para restaurar, ou remontar uma bike, não é diferente. 

   Primeiramente, estou esbarrando em alguns problemas: Falta de tempo: Gostaria de ter pelo menos 2 dias inteiros para mexer na bike, mas, nessa época do ano (Dezembro), é praticamente impossível ter o luxo de ter 2 dias sem nenhum compromisso. O segundo problema é o espaço: Hoje, o meu apartamento simplesmente não tem espaço suficiente para que eu consiga mexer na bike, pelo menos às noites (na hora da novela...kkk), então a bike fica na casa do meu pai. Sendo assim, o pouco tempo que resta é aos finais de semana, sempre dividindo o espaço com a família.

   Outro ponto interessante (ou estressante) em remontar uma bike, mesclando o vintage com o moderno, é que nem sempre, as peças escolhidas são compatíveis entre sí. Não só tecnicamente, mas também estéticamente. Nem sempre o que funciona na nossa cabeça, vai funcionar na prática. Mas, mesmo assim, o projeto continua (aos trancos e barrancos)

   Nessa situação de conseguir mesclar as peças e tecnologias, a primeira dificuldade foram os freios. Não queria utilizar as ferraduras originais da Caloi 10, porque elas possuem aquelas presilhas, tanto na caixa de direção (dianteiro), quanto no canote de selim (traseiro). Essas presilhas são suportes dos conduítes, usados antigamente. Sinceramente, além de anti-estéticos, mecanicamente são ruins de serem usados, visto que desregulam com facilidade, pois são presos a partes móveis do quadro.

   Abaixo, algumas fotos do freio original (já reformado)
   O sistema utilizado pela Dia-Compe é bom, mas queria algo mais moderno, porém sem ser caro. Medi o "Brake Range", que é a distância máxima mínima entre a lateral do aro até o parafuso do suporte do freio. A medida varia entre 57mm à 65mm. Daí foi fuçar na Internet e achar um freio compatível. Achei na loja www.ciclourbano.com.br (que por sinal tem um atendimento muito bom, entrega por bike-entregador no mesmo dia). Entregaram no meu trabalho, durante a semana. A marca, sinceramente não sei, mas me pareceu bom e leve, troquei as sapatas por umas Baradine, que estavam no Dia-Compe

    Precisei alargar um pouco a parte interna do quadro, utilizando uma broca 8mm para receber a porca interna de freio Road. Achei que ficou bem instalado, só foi um pouco difícil de regular, pois nunca tinha mexido com freios Road. 
  
Detalhe da fixação da porca interna
 
    Depois, me concentrei em montar o câmbio Nexus. Sinceramente achei um vídeo na internet que explica direitinho como montar e ajustar esse cubo de marchas interno. Simples e eficaz.
   O legal desse câmbio/Cubo é que dá para ajustar o "Click Box" em qualquer direção, facilitando assim a fixação do conduíte e o cabo, sem que o cabo fique solto ou faça curvas desnecessárias.
   Continuando com a mescla de peças "Vintage" com peças modernas, decidi instalar "quick release" na roda dianteira. Não queria mandar trocar os cubos, e então, por uma dica do meu amigo biker Fábio Tux, perambulei pelas bicicletarias de bairro, atrás de um eixo vazado para cubo de rolamento. Na primeira loja, já achei o kit original de Rodan, com o eixo e os rolamentos. R$25,00. A blocagem também foi recuperada de uma antiga Caloi MTB Atx






   O guidão recebeu bar-ends polidos da Zoom. Ergonômicos e leves. E sinceramente combinaram com o tema geral da bike.
  A bike já está com a corrente e montada. Agora está aguardando alguns acessórios que estão sendo reformados e outros que foram encomendados. Já rodou um pouco, mesmo sem freio dianteiro montado, e se mostrou ágil e confortável. Agora é só esperar para testar a bike de verdade. Ainda no cavalete de manutenção, mas por pouco tempo!!! Eu garanto!



Reforma Geral - Caloi 10 - Parte I

Boa dia pessoal, 16 meses se passaram desde a minha cirurgia, e graças à Deus tudo correu bem, porém estive impossibilitado de pedalar. Além da recuperação demorada, foram quase 4 meses de licença médica e correria para o meu casamento, não pedalei mais depois do dia 15 de Agosto de 2012. Mas tenho que admitir: Trilhas nunca mais! Não posso correr o risco de me lesionar novamente. Depois que tive liberação médica para pedalar, ensaiei algumas vezes para voltar a pedalar com a turma do "Pedal Eloy" de Jundiaí. Porém, todas sem sucesso. Se combinamos na de manhã, chovia... Se combinamos à noite, me atrasava... E a bike alí, parada na lavanderia. Confesso que percebi que não eram os imprevistos que estavam me afastando do pedal, e sim o meu inacreditável medo de me lesionar novamente. E também tenho que admitir que, acordar todos os dias e ver a bike alí, acumulando pó, me dava um grande desconforto. Quando realmente percebi que não voltaria à pedalar, decidi vender as minhas bikes, para tentar de vez parar de pedalar. Após 2 dias de anúncio da bike, inacreditavelmente, a minha 29" Specialized foi vendida. Mas aí, aconteceu uma situação curiosa: Minha filhota começou a se interessar em pedalar. E aí desencanei de vender a minha recém reformada e repaginada Caloi 10, modelo 1978. Decidi deixar a bike montada para quando minha filha quisesse pedalar, eu pudesse acompanha-la. Detalhe da Caloi na versão "Beach Bike", já com câmbio Shimano Nexus 3 e cestinha de supermercado.
    Mas a bike ficou na casa dos meus pais, e bem pouco utilizada. E ficou parada num quartinho de bagunça, e acabou danificando bem a pintura, e por ser um quadro de Cromoly, começaram a aparecer pontos de ferrugem. As peças cromadas começaram a oxidar novamente e a bike ficou feia e desregulada. A cestinha, que foi bem útil quando fazia supermercado perto de casa, virou motivo de chacota pelos meu amigos. Resolvi dar uma geral na bike, e percebi que a o quadro merecia uma pintura. Comecei a pesquisar na net sobre bikes e novamente a vontade de pedalar forte de novo veio à tona !!! Num primeiro momento, pensei em montar uma bike bem simples, sem freios, sem nada, somente para pedalar no rolo de treinamento em casa. Pesquisei muito sobre as bikes fixas ou "fixies" em inglês. Adora visual de bikes despojadas, sem frescuras. Mas uma fixa, mesmo sendo simples, exige, além de um belo condicionamento físico, demanda também um bom equipamento, assim como cubos especiais "flip flop" (com rosca para catraca, caso deseje andar de Single Speed normal, pinhão fixo do outro, para se atrever no mundo maravilhoso das fixas. E sinceramente esses equipamentos não são baratos, pois são extremamente exigidos. E,temos que ser honestos...Tenho 35 anos, com uma lesão grave no ombro... Será que pedalar uma fixa seria mesmo uma boa idéia? Abaixo postei um vídeo para ilustrar o mundo das fixas, com o eterno campeão (IMHO) Lance Armstrong...


    E aí, decidi reformar, mas remontar de um jeito normal, mesclando o novo e moderno, com o antigo e Vintage. Estou tentando seguir a linha das Tourings Bikes, porém tentando manter o conforto de uma MTB. Primeiro passo seria retirar a tinta do quadro para iniciar o projeto.Como o quadro é feito com material resistente, mandei para jateamento com areia.

        Aí veio a restauração de algumas peças que já estavam na bike. A principal foi a coroa e o pedivela, que estavam muito oxidados, e riscados. A receita eu busquei na internet, para restaurar peças de alumínio cru. A melhor forma e mandar bala na lixa 800 e depois na 1200 e dar acabamento. Mas a peça estava muito riscada, e preferí arriscar na lixa 220 e depois na 300 e para dar acabamento a lixa 400. Depois foi só passar um bom bril para tirar as marchas de sujeira, secar e passar massa de polir, com estopa e dar lustro com flanela. Ficou muito bom. O mesmo foi feito com a mesa Dia Compe (Original da Caloi 10) e com o guidão Surly 1 x 1 de cromoly.
   Após um trabalho "árduo" de limpeza dessas peças, hora de buscar o quadro pintado. O método de pintura utilizado foi o mesmo anterior, a pintura Eletrostática ou Epóxi. Porém dessa vez, pedi para que fosse dado uma banho de fosfato no quadro e garfo, afim de evitar qualquer problema de oxidação interna na peça. 
          Sinceramente fiquei bem contente com o resultado geral da pintura. Agora já instalada a caixa de direção Cane Creek, o movimento central Shimano 101mm e o pedivela Sugino (restaurado, retirado de uma Specialized Hardrock, ano 1998) com coroa de 42 dentes.
    As rodas foram montadas com aros Vzan C-10 aro 27, com cubo dianteiro Rodan Roller e Pneus Kenda 1 1/4 e fitas antifiro + Selante Joes No Flats. O cubo traseiro é um Shimano Nexus 3, de marcha interna, com trocador gripshift. O pinhão traseiro é também da Shimano, com 23 Dentes.
 
   Recuperei um parafuso quick-release de uma antiga Caloi MTB. Estava cheio de ferrugem e tirei tudo com WD-40 e Bombril. O canote é um Zoom de 350mm de alumínio polido. Sei que ideal seria um parafuso fixo alien, porém  na outra montagem quando instalei o parafuso original de uma Caloi 10, a pintura rachou toda na região do gargalo do canote. Como o aperto no quick release o aperto é controlado, achei melhor dessa forma.
A frente da bike, apesar de ficar baixa, ficou confortável. A mesa "quill" standart está ajustada no limite máximo de altura, por motivos estéticos. O guidão Surly de 640mm vai proporcionar mais estabilidade a pedalada.
E aqui, umas fotos da visão geral de como ficou a prévia da montagem da bike. Digo prévia, pois ainda faltam chegar os freios ferradura, acertar os cabos de câmbio e freios e instalar o bagageiro. Além disso, foi instalada também um par de pedais Weelgo clip, para dar mais firmeza na pedalada. 
 E a montagem continua. Faltam instalar a corrente, o câmbio Nexus e os demais acessórios da bike. Acompanhem, porque está ficando bom !!!!